A canalização da moradia como ativo financeiro no caso espanhol:
da bolha imobiliária à bolha de aluguéis
Resumo
O presente artigo toma o caso que ficou conhecido como a crise das hipotecas da Espanha como exemplo paradigmático do
alinhamento neoliberal de financeirização da moradia. Após a onda de cerca de uma década de boom imobiliário, a crise desencadeada em 2008 colocou a moradia no centro da problemática em dimensões econômica, social e política. Com a crise generalizada, um amplo processo de despossessão de moradias das camadas populares possibilitou a entrada de um novo ator no mercado imobiliário. São os fundos de investimentos que, com a compra de imóveis subvalorizados e de carteiras de créditos de risco, criaram as condições para uma nova onda de acumulação no mercado de aluguéis. A insegurança habitacional
imposta à população gerou precarização das condições mais básicas de reprodução social. Neste quadro, novos movimentos sociais urbanos forjaram-se na luta pela defesa da moradia como direito, exigindo do Estado medidas de freios à especulação.